O termo “holismo” é constantemente empregado em nossos dias; do grego HOLOS (todo), é a ideia de que as propriedades de um sistema (seja ser humano ou qualquer outro organismo), não podem ser explicadas apenas pela soma dos seus componentes.
A abordagem holística é uma característica da cultura advinda com a Era de Aquário, e concilia o terapêutico e o espiritual. As terapias holísticas aproximaram o tradicional ao contemporâneo e inúmeras técnicas ancestrais do xamanismo estão sendo retomadas no presente através da psicologia e em muitas outras modalidades de terapias alternativas e/ou medicina complementar.
O xamanismo está presente na raiz dos tratamentos holísticos; em sua origem estão práticas de tratamento do corpo físico, mental, emocional e espiritual, espalhadas pelos mais diversos lugares do planeta. Tendo métodos extremamente eficazes e técnicas criativas, o xamanismo vem ressurgindo como uma das terapias holísticas que promove um equilíbrio e uma interação do homem, com as forças naturais que o cercam.
Não temos a devida noção de tempo e muito menos o devido conhecimento da história: todavia, seguindo a linha do tempo a que estamos acostumados, podemos dizer que o xamanismo tenha surgido no período Paleolítico, mais ou menos há uns 35 mil anos atrás.
Todos os continentes foram influenciados pela cultura xamânica e o desenvolvimento do xamanismo transcorreu, paralelamente, à consciência religiosa. Podem-se citar países em que as influências das tradições xamânicas determinaram a religiosidade, deixando muitos vestígios de suas práticas (Índia, Japão, Tibet, China, África, Austrália, Américas).
Todavia, o xamanismo não teria proliferado sem a figura do XAMÃ. O termo “xamã” origina-se do sânscrito “sramana” e se popularizou na língua dos Tungus (Sibéria), onde o termo era “saman”, que deu origem à expressão “xamã”; traduzida como “aquele que é inspirado pelos espíritos”.
O Xamã é um conhecedor do mundo invisível e tem o dom de ultrapassar o limiar entre os mundos, entrando e saindo deles com liberdade, objetivando buscar o conhecimento e a cura. De posse destas habilidades em deslocar-se no tempo e no espaço, ele ajuda a conciliar o ser humano com as forças mágicas da vida. Suas viagens por mundos de outra ordem permitem uma ampla visão dos acontecimentos, fazendo com que possa trabalhar o “divino” com mestria e conhecimento.
O Xamã é um mestre que tem como aliados os espíritos angelicais, os espíritos dos ancestrais e os espíritos da natureza; estabelece contato com a Luz ou as Sombras, de acordo com a necessidade dos seres a que presta serviço.
Se procurarmos o significado da palavra “xamã”, encontraremos: exconjurador, exorcista, mago, pajé, feiticeiro...; entretanto classificá-lo como um mero feiticeiro, pajé, curandeiro, benzedor ou mesmo mago é limitar a abrangência desse ser, dotado de uma energia imensa e universal, intensa e impessoal que é responsável por um dos sistemas mais antigos de tratamento humano de mente e corpo.
O Xamã, em qualquer lugar que esteja, é sempre o que leva a cura e aconselha espiritualmente a todos, inspirado pela energia Divina e pelo Amor Incondicional.
Desde a mais remota Antiguidade, muitas funções são designadas a esse mestre do Mundo Invisível; foram os primeiros contadores de histórias, professores, profetas, investigadores da natureza e místicos. A maior aliada do xamã é a natureza e nela todos os seres são vivos e agem com finalidade de cura.
Na viagem a outras dimensões, o xamã tem seus animais e plantas como colaboradores e cúmplices; e a percepção acentuada desses auxiliares permite-lhe rastrear a enfermidade (pelos animais guias) e emprestar o poder de cura (plantas de poder).
O Xamã tem altamente desenvolvida sua espiritualidade, permitindo-lhe conexão com o mundo etéreo; tem altamente evoluídas suas capacidades mentais e aplica todo o seu conhecimento límbico (o sistema límbico se refere a área primitiva do cérebro conectada com a memória animal e diz respeito à mente pro lógica).
Acionando esse sistema, o xamã trabalha com todos os seres espirituais que lhe protegem nas jornadas, principalmente os animais de poder, que lhe permitem manifestar sua outra identidade. É importante salientar que mesmo não sendo um xamã, qualquer pessoa pode descobrir o seu “animal de poder”, acionando o sistema límbico em uma reflexão sobre seu mundo pessoal e interno.
Todos nós, enquanto seres ligados à Luz, possuímos uma vocação xamânica, que pode ser evocada ou não. Normalmente essa vocação a aflora em meio a alguma crise (espiritual, mental ou emocional), um sonho, uma auto-regressão ou uma quase morte e vai então se constituir no que se denomina como o “Chamado”.
A pessoa que se destina a ser um xamã precisa voltar sua sensibilidade para o misticismo e para isso, não precisa recorrer a escolas, cursos, livros, etc... pois a realidade se encarrega de defrontá-la como “Caminho” e por conseguinte , com um sentido profundo de vida.
Somos surpreendidos todos os dias com informes sobre pessoas que depois de superar algum acidente ou doença grave, passando por processos de quase morte, coma ou muito dolorosos, vivem o arquétipo do “Hierofonte” ( a figura do centauro que Jung caracteriza como o “curador-ferido”); um ser que pode curar as dores de todos, porque sabe avaliar e não consegue curar a sua. Esse processo de morte simbólica sempre faz com que surja uma nova consciência.
A viagem xamânica sempre tem como porta de entrada o “transe do xamã”; esse caminho exige uma alteração do estado de consciência, e nesse processo os objetos de poder (varinha, cajado, amuletos...), som, canto e dança serão estímulos para que o objetivo possa ser atingido.
Entrando em transe o xamã apreende percepções e impressões inacessíveis aos sentidos normais, penetrando numa dimensão diferente da nossa, em outros mundos, que são tão reais quanto o nosso.
Cientificamente já foi constatado que a natureza do transe xamânico é um estado superior de consciência alterada, sendo muito mais catalisador e perceptivo de que o estado de consciência comum em que vivemos.
Dentre as muitas terapias que tem por base o holismo, o Xamanismo vem sendo estudado e aplicado para a cura da Mãe terra e dos seres vivos; sendo, provavelmente, a mais antiga disciplina espiritual do nosso mundo; mantém ainda hoje a sua importância.
Através dele podemos nos conectar com habilidades extraordinárias e latentes em todos nós, aprendendo a harmonizar as relações entre todos os seres vivos e o Planeta e descobrindo novas maneiras de conduzir a nossa existência. Não podemos esquecer que somos filhos da Terra e devemos amor à nossa Mãe, como a todas as criaturas que nascem da mesma Terra e são nossos irmãos e irmãs.
O Xamanismo nos conscientiza de que a Terra é um organismo vivo, sensível, dotado de consciência e nós (todos os seres vivos) fazemos parte desse organismo. Urge-se mudar as nossas atitudes, reavaliar a nossa visão sobre as coisas, deixarmos nossa prepotência de lado e criarmos uma nova percepção que resgate a dignidade perdida em todas as formas de vida, principalmente a nossa própria dignidade.
E um dos caminhos mais claros para que essa percepção manifeste-se é o xamanismo, pois permite uma profunda ligação e respeito com o mundo natural e com as diversas formas de energia que nele habitam. Através de exercícios e práticas simples (porém muito profundas), podemos evocar o xamã que existe em nós... basta que despertemos.
Reflexões, meditações, momentos em nosso mundo interior, facilitam o contato com o “outro mundo”; e quando despertamos dessa caminhada, seremos capazes de ver a nós mesmos e ao mundo em que vivemos com outros olhos.
Perceberemos o Divino em todas as coisas, todos os gestos, todas as palavras. Tornar-nos-emos capazes de curar-nos, curar quem busca a nossa ajuda e, principalmente, a própria Mãe Terra.
Bjos no Coração
Ahow!
Namastê!
Ahow!
Namastê!
Saviitri Ananda - CRTH/BR0230
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