terça-feira, fevereiro 04, 2020

IXCHEL - A GRANDE MÃE MAIA



Os Maias formaram uma civilização pré-colombiana muito importante que se destacou por ter um sistema de escrita, único nas Américas. Uma cultura muito avançada que possuía um idioma falado no mesmo grau que o escrito, uma arquitetura fantástica que utilizava de técnicas que até hoje são desconhecidas, sistemas matemáticos e astronômicos de alta precisão e uma paixão pela arte. Os Maias tinham um alto grau de interação e difusão cultural na região que hoje é ocupada pelo México, Honduras, Guatemala, El Salvador. Dos povos pré-colombianos foram os que atingiram maiores avanços ( escrita, epigrafia, arquitetura, calendário). Ao contrário de outras civilizações, os Maias nunca desapareceram e ainda hoje Maias e seus descendentes formam  populações consideráveis nas áreas citadas e mantém um conjunto muito distinto de tradições e crenças que ainda são transmitidas na língua “achi”.


Os Maias associam os eventos humanos com as fases da Lua. A principal divindade Maia é Itzama, a manifestação visível de Kinich Ahau (Rosto do Sol), uma divindade multi-talentosa e multifuncional; ele é o deus, marido da deusa Lua Ixchel e patrono da realeza. Itzamna amava o seu povo e concedeu-lhe a dádiva dos livros, escrita, calendários e remédios. As lendas mitológicas contam que o deus Itzama criou o mundo e se casou com a deusa da Lua (fertilidade, gravidez, cura, tecelagem) procriando os deuses Yun Kaax (deus do milho), Ek Chuah ( deus das estrelas); suas filhas foram as deusas das águas, da noite e do paraíso.


Ixchel é a deusa, a “tecelã da teia da vida”, a "Senhora do Arco-íris"; incorpora a mulher amorosa e guerreira. É a Grande-Mãe maia e encera em si as qualidades de seu marido Kinich Ahau, que se confundia com Itzama, o Céu propriamente dito, pois era a sua manifestação diurna, por oposição a sua imagem noturna. Ele era representado sob os traços de um velho sábio e ela como uma anciã derramando um jarro cheio de água sobre a terra e, também, como uma anciã tecendo em um tear de cintura. Seu templo se localiza na ilha de Cozumel ( antiga Ecab) e até hoje é um lugar de peregrinação onde as mulheres jovens vão pedir em suas gestações para procriarem filhos saudáveis, progredirem no campo profissional e obterem cura em todas as áreas. Ela ajuda a assegurar a fertilidade pelo fato de segurar o vaso do útero de cabeça para baixo, de modo que as águas da criação possam estar sempre jorrando. Ixchel também é Deusa da Lua, da tecelagem, da magia, da saúde, da cura, da sexualidade, da água e do parto.  


Ixchel é a Grande Mãe maia da Vida e da Morte; derrama as águas da vida do seu jarro de ventre sobre todos nós e é a dona dos ossos e das almas dos mortos. Sua festa é realizada em 1 de novembro, Dia dos Mortos e seu animal especial é a libélula (dizem que quando ela quase foi morta pelo avô por tornar-se amante do Sol, a libélula cantou sobre ela até que se recuperasse). Assim, tanto como provedora da vida e da fertilidade era também, controladora dos poderes destrutivos da natureza, portanto, Deusa da Morte. Para a nossa mentalidade ocidental é muito difícil conceber um deus que seja ao mesmo tempo gentil e cruel, criador e destruidor; todavia para os adoradores de Ixchel não há contradição, pois ela vive em fases, manifestando em cada uma delas suas qualidades peculiares. Na fase do mundo superior, correspondente à lua brilhante, ela é boa e gentil e na fase que correspondente a lua escura, ela é cruel, destrutiva e má.

Jung demonstrou em seus estudos que nós possuímos “anima” (princípios femininos) e “animus” (princípios masculinos) dentro de nossos psiques e que os deuses são forças que funcionam separadamente da nossa vontade consciente e cuja ordem precisamos nos curvar. Apresenta-se coroada com serpentes, carregando objetos de rituais tais como, o espelho e plantas sagradas. Ixchel se apresenta como o arquétipo que contém os aspectos mais significativos da vida de uma mulher: a Grande Mãe, a Senhora da Terra, que em suas representações das fases da Lua abrange tanto os aspectos femininos como os masculinos. É uma deusa em perfeito estado de integração, atravessando através de sua representação de deusa tríplice ( a mulher jovem, madura e sábia anciã). Como jovem integra componentes e atributos que remetem ao início da vida, assume o arquétipo do casamento ao ser uma esposa, companheira do Deus sol, exercendo o poder para conseguir a abundância por intermédio da união sagrada; como anciã sábia  é reconhecida como grande e poderosa “Dama Velha’, sua experiência leva-a a saber tecer da melhor maneira e reconhecer o momento propício para esvaziar seu jarro cheio de água sobre a terra.


Sabemos que desde sempre e por toda parte, os homens têm concebido uma Grande Mãe que zela pela humanidade lá do céu; este é um conceito encontrado em praticamente toda a religião e mitologia. Esta Deusa detêm os mistérios da vida e da sexualidade feminina. Ela é Deusa do amor, mas não do casamento; é a protetora das mulheres e das crianças. O leite nutritivo flui dos seus seios e o sangue sagrado da vida flui do seu útero. Os maias elegeram Ixchel como sua poderosa Grande Mãe e os mitos da Deusa Lua e suas características protegem uma verdade que nada mais é do que a realidade subjetiva interior da psicologia feminina. Através de todos os tempos, a Lua sempre representou a imagem do princípio feminino. E como demonstrou Jung, anima como princípio é uma função tanto do homem quanto da mulher.  Mas para as mulheres fica muito evidente a influência da Lua porque pela vida cíclica; assim, no curso de um ciclo completo que corresponde à revolução lunar, a energia física, sexual, emocional da mulher cresce, brilha totalmente e míngua outra vez. Essas mudanças as afetam toda a nossa vida e se quisermos viver bem, precisamos seguir o ritmo de nossa própria natureza, submetendo-nos à energia da Mãe-Lua que mergulha no tempo e nos traz das estrelas a energia sagrada feminina.


A Lua tem uma energia muito peculiar, faz as sementes germinarem e as plantas crescerem, mas seu poder não termina aqui, pois sem sua ajuda os animais não poderiam gerar filhotes e as mulheres não poderiam ter filhos. Para os Maias, que viviam em pequenas tribos e dependiam do seu contingente humano,  Ixchel era a Grande Mãe, porque dela dependia não só os nascimentos, como também o suprimento de alimentos. Ixchel é a árvore da vida, provedora da fertilidade que garante a continuidade da vida, tanto animal quanto vegetal e humana; ela carrega o coelho como símbolo da fertilidade e abundância.


Ixchel, representa a mulher de verdade; aquela que é poderosa, que respeita sua feminilidade, que tece a “teia da vida”, que usa tanto sua sensibilidade como sua força, que é criativa, que é ousada, que sabe como prover sua própria cura. Através do encontro com Ixchel nos abrimos para a beleza e a magia da Grande-Mãe e tomadas por sua energia poderemos compreender todas as nossas oscilações e mudanças pelas quais passamos. A força da Lua é o alimento que nutrirá nossa Deusa, aquela que nos faz curandeiras, nos concede o dom de nutrir, de prover; também nos faz sensuais, faz com que externemos nossa beleza, nossa sexualidade. A Lua cheia dá a chave do mistério, abre as portas do sagrado e nos coloca em conexão com o divino e através dessa conexão, encontramos maneiras de superarmos nossos medos e nos relacionaremos melhor com o mundo como um todo.


Bjos no Coração
Abraço na Alma
Namastê!
Saviitri Ananda - CRTH/BR0230

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Saviitri Ananda

Minha foto
Itapoá, Santa Catarina, Brazil
Sou ENLAÇADOR DE MUNDOS MAGNÉTICO. Uma eterna buscadora... metamorfose ambulante...senhora de mim. Depois de me conhecer, nada será como antes porque sou a Morte e o Renascimento. Sem verdades absolutas, pulso com o Universo, buscando construir pontes entre os Mundos. Inimitável e sem limites... quântica. Me reconstruo a cada dia, sou mudança, transformação, sincronia. Funciono como equalizador, restaurando o equilíbrio através da Luz, da qual sou canal. O meu grande "tesouro" é a sabedoria, a arte de enlaçar mundos, destruir ilusões e libertar do medo todo aquele que se dispõe a escutar o que eu revelo.Transmutar, transpor, renascer são os meus verbos. In Lak'esh