terça-feira, abril 20, 2021

A SAÚDE DAS EMOÇÕES

 



Preservando o Equilíbrio Entre Corpo, Mente e Sentimento

Seja qual for nossa idade ou classe social, a saúde é uma condição decisiva
para que tenhamos êxito e felicidade na vida. É um capital tão valioso e
único que o mínimo que se pode dizer é que deve ser bem administrado. Em
meio às pressões do mundo atual, esta tarefa nem sempre é simples. Como
aplicar bem o capital chamado saúde, diante das oscilações do mercado? Como
empregar corretamente nossa energia vital, de modo que nosso bem-estar e
poder de ação aumentem, e não tenhamos um déficit na contabilidade
energética?

O bem-estar físico, emocional e mental é, na verdade, um único processo
dinâmico. O equilíbrio e a harmonia das nossas forças começam em nossa vida
emocional. Na primeira metade do século 20, a medicina pareceu esquecer a
relação entre mente e corpo, mas agora ela está sendo renovada por uma visão
integrada da vida. O ser humano é visto como um todo inseparável do cosmo.
Nem o espírito, nem a mente, muito menos a emoção ou o corpo físico podem
ser compreendidos isoladamente.

A nova noção de saúde é sobretudo preventiva e não-violenta. Ela admite
procedimentos invasivos apenas como último recurso.

Saúde é a boa administração da energia vital que passa por nós. A meditação,
a prática moderada de exercícios físicos, a vida afetiva equilibrada, a
inteligência emocional, a definição de objetivos claros na vida e a prática
da solidariedade na profissão e nos relacionamentos humanos podem manter-nos
perfeitamente saudáveis, sem o sofrimento físico ou emocional desnecessário.

A única utilidade possível de alguma doença que tenhamos é fazer-nos
repensar o rumo da nossa vida e o modo como estávamos usando a energia vital
que flui por nós. A doença é um alerta. Uma dor de cabeça, um cansaço, um
desânimo ou uma gripe têm mensagens para nós: significam que houve alguma
falha em nosso equilíbrio emocional. São as emoções que estabelecem a
relação prática entre corpo e alma. A dieta, certa ou errada, também resulta
da vida emocional e dos desejos que alimentamos.

A consciência mais ampla que agora renova a noção de saúde é bastante
antiga. Milhares de anos atrás, os sábios ocidentais afirmavam que a arte
mais divina é a arte de curar. E ela deve ocupar-se tanto da alma como do
corpo, pois nenhum ser pode ser inteiramente saudável enquanto sua natureza
interior estiver sofrendo.

Cada ser humano pode ser visto como uma espécie de aparelho receptor de
energia cósmica. Recebemos o tempo todo diferentes variedades de energia do
cosmo. Nossa função é expressar criativamente esta energia nas várias
dimensões da vida, participando da evolução de tudo o que entra em contato
conosco. A doença é apenas um bloqueio deste fluxo energético. A boa saúde
física, emocional e mental consiste no fluxo correto da vida energética, que
deve ser ao mesmo tempo livre e harmônico, espontâneo e organizado.

Durante a década de 80, o médico norte-americano Bernard Siegel desenvolveu
um sistema de abordagem dos seus novos pacientes com algumas perguntas
básicas que rompiam os limites da medicina convencional: [1]

1) Você deseja viver até os 100 anos? (Para saber se há uma forte vontade de
viver.)

2) O que significa a doença para você? (Ela deve ser vista como um desafio
positivo e uma lição útil.)

3) Por que você precisa da doença? (A doença foi uma forma inconsciente de
buscar amor, cuidados, atenção?)

4) O que aconteceu em sua vida algum tempo antes de adoecer? (As emoções têm
tudo a ver com as mudanças na saúde pessoal.)

Esta última pergunta visava mostrar que uma doença geralmente surge em
determinada situação emocional que a torne possível ou até necessária, e,
portanto, é, em parte, responsabilidade da própria pessoa. Devemos assumir
responsabilidade pelo que nos ocorre, para assumirmos também
responsabilidade pela cura que ocorrerá no futuro.

O Poder Curativo do Carinho

O médico Larry Dossey exemplifica no livro “Aspectos Espirituais das Artes
de Curar”: 

“Minha percepção do seu carinho ou insensibilidade para comigo gera uma
avalanche de alterações bioquímicas em meu próprio corpo. Processos
neurológicos e hormonais se sucedem, como uma cascata, em consequência do
modo como sinto nossa interação. Não se trata de questões filosóficas
remotas ou abstratas, mas de consequências fisiológicas concretas. Sinto que
isto tem sido extremamente subestimado, passando geralmente despercebido
pelos filósofos, cientistas e médicos”.

“Se eu o trato com delicadeza e compaixão”, diz o médico, “isto poderá
suscitar em você um estado geral mais saudável”.

A saúde, conclui ele, é uma questão de relações humanas. As agressões sutis
podem levar à doença alguém que não saiba preservar a paz interior
condicional. Mas o respeito mútuo produz boa saúde e bem-estar para todos.
“Devido às nossas associações íntimas com os outros e com o mundo, não vejo
como deixar de invocar conceitos de ética e responsabilidade em uma teoria
global sobre a saúde e a doença”, diz ele. Para Dossey, nossas interações
são tão complexas que é impossível determinar tudo o que fazemos ou causamos
uns aos outros. Como, então, agir corretamente para preservar a saúde a
longo prazo? Dossey responde:

“A chave pode estar simplesmente em ter bons propósitos, ter em mente que
realmente afetamos uns aos outros e que a interação é a regra geral. Minha
esperança é que compreender isto fará com que tenhamos cuidado e
consideração pelo nosso próximo, pelos outros seres humanos, fator
menosprezado em um modelo isolacionista (individualista) de saúde.”

Qualquer cidadão pode fazer experiências práticas para comprovar este ponto
de vista. Basta sorrir mais e ser sinceramente mais amável com as pessoas
para observar que uma interação fraterna faz com que nos sintamos melhor,
inclusive fisicamente.

Práticas como a meditação e a oração, que afastam nossa mente do mundo das
coisas pequenas e nos aproximam do que é vasto e eterno, são instrumentos
poderosos para a melhora e a manutenção da saúde, própria e alheia. O nosso
equilíbrio vital depende da nossa capacidade de viver tendo presente o que é
bom e sagrado. Se tivermos estas duas coisas, estaremos bem. É recomendável
revisar regularmente nosso estado de espírito. O preço da desatenção pode
ser a ambição desmedida ou a decepção e a tristeza, dois extremos que
realimentam um ao outro. A virtude e a felicidade estão no caminho do meio
da serenidade.

As emoções equilibradas são mais que uma questão de saúde: são, também, uma
questão de inteligência. As tensões emocionais típicas do cidadão da
sociedade industrial suprimem as relações profundas entre as pessoas,
desumanizando-as e causando prejuízos à percepção racional das coisas.
“Quando emocionalmente perturbadas, as pessoas não se lembram, não
acompanham, não aprendem nem tomam decisões com clareza”, escreve Daniel
Goleman em seu livro “Inteligência Emocional”, antes de citar palavras de
um consultor na área da administração de empresas: “A tensão idiotiza as
pessoas.”

Trocando a Raiva Pelo Amor

A raiva, explica Goleman, provoca circuitos energéticos e bioquímicos
destrutivos no corpo e nas emoções. A teosofia ensina que a raiva destrói a
substância da alma mortal na sua relação com a alma imortal. O amor
altruísta, em compensação, cura as feridas e funciona como uma fábrica de
bem-estar interior. A ciência das emoções, aliada da nossa dimensão
espiritual, abre caminho para a felicidade e constitui uma chave para a
serenidade e a saúde física.

A saúde é a capacidade de estar em unidade dinâmica com a vida. O otimismo
cura. A transmutação de ansiedade em paz, de depressão em ânimo, de tristeza
em alegria e de solidão em solidariedade é um processo alquímico
revolucionário, capaz de esvaziar consultórios médicos.

Um programa de saúde pública voltado para a nova era da civilização global
poderia ter como meta, em primeiro lugar, um maior autoconhecimento dos
cidadãos. Isto faria com que as pessoas tomassem suas vidas mais diretamente
em suas próprias mãos em áreas como a qualidade dos seus pensamentos e
sentimentos, quantidade e qualidade de exercícios físicos, dieta alimentar,
ou relaxamento físico e emocional.

Em segundo lugar, um programa de saúde para a nova era poderá ter como
objetivo o estímulo à criação de relações humanas baseadas na boa vontade
recíproca, desmascarando os mecanismos de manipulação psicológica, de
mentira e de chantagem emocional, entre outros. Assim se eliminará a
necessidade de doenças físicas como um modo pelo qual o Carma leva as
pessoas a pararem e avaliarem melhor suas vidas. Será importante o estímulo
à inofensividade e à solidariedade com todos os seres. Plantar o bem é o
caminho para colher o bem.

Em terceiro lugar, a medicina da nova era poderá combinar em grande escala
os avanços tecnológicos da medicina convencional com o que há de melhor nas
medicinas tradicionais. Um país em que seja adotado um programa de saúde
deste tipo não produzirá só bens materiais. Produzirá também “o tesouro que
está nos céus”. Plantará felicidade, colherá paz, e seus cidadãos
expressarão, ao viver, uma síntese prática e harmônica entre terra e céu,
estabilidade e transcendência, o humano e o divino, o finito e o infinito.

Esta estratégia de saúde não é só coletiva. Ela é também individual, e a
possibilidade de colocá-la em prática está constantemente diante de nós: é
sempre agora. A verdadeira saúde vem de dentro de cada ser consciente, e
elimina, ou reduz, as causas do sofrimento.

Meditação Sobre a Relação Mente-Sentimento-Corpo

Para concluir este estudo, façamos uma experiência prática.

Sentado calmamente em lugar arejado, dê de presente para si mesmo 10 minutos
de sossego. Deixe de lado as preocupações de curto prazo e relaxe.

Pense por um instante como a vida pode ser breve, mas é fascinante. Sinta
seu coração bater, com fidelidade infalível, e agradeça a ele mentalmente.
Perceba o fluxo sempre renovado de sangue pelo seu corpo todo, e agradeça.

Respire fundo, com calma, e congratule-se pelo fato de estar vivo e atento,
acordado e alerta.

Reconheça que a vida é preciosa demais para ser gasta em conflitos. Faça um
voto incondicional de viver em paz com todos os seres. Estar vivo e atento é
uma experiência tão vasta e significativa que não há motivo para ficar
alimentando pequenas decepções e ilusões pessoais.

Durante os próximos dias, sorria mais para as pessoas. E para si mesmo.
Solte-se e sorria agora mesmo para seu próprio coração e para o centro de
paz que há em você.

Seja mais amável com as pessoas nos próximos sete dias, buscando expressar
com isso apenas sua alegria incondicional de viver.

Estabeleça uma atitude geral de satisfação com a-vida-como-ela-é e com
as-pessoas-como-elas-são. Isso dá a você mais liberdade para administrar
suas próprias energias: viver e deixar viver é um princípio da sabedoria
teosófica.

E anote, a cada noite, alguma coisa dos resultados do dia. Abra seus
diálogos com as pessoas através de um sorriso e observe o resultado. Observe
a sua sensação física, seu estado mental e seu estado emocional quando você
expressa uma atitude harmoniosa e sincera com os outros.

Seja firme quando necessário, porque firmeza é tão importante quanto
flexibilidade; mas mantenha respeito e equilíbrio em todos os momentos.
Deseje o bem dos outros, calma e deliberadamente, e veja como se sente
depois. Reflita sobre as consequências desta atitude prática em relação à
sua saúde, a curto, médio e longo prazo.

Ao final de uma semana de experiência, faça uma avaliação e decida se vale a
pena ser mais amável com todos, independentemente dos altos e baixos da
vida.

Ao fechar a meditação, lembre-se:

Felicidade não é ter seus desejos atendidos. É estar contente com a vida a
cada momento, e usar para o bem, corretamente, a energia vital de que você
dispõe hoje.

Uma versão inicial do texto “A Saúde das Emoções” foi publicada na década de
1990 em um fascículo da “Coleção Planeta”, “Inteligência Emocional”, número
3, Editora Três, SP, pp. 19-25. A versão acima foi atualizada pelo autor em
março de 2013.

Bjos no Coração
Abraço na Alma
Namastê!
Saviitri Ananda - CRTH/BR 0230

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Saviitri Ananda

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Itapoá, Santa Catarina, Brazil
Sou ENLAÇADOR DE MUNDOS MAGNÉTICO. Uma eterna buscadora... metamorfose ambulante...senhora de mim. Depois de me conhecer, nada será como antes porque sou a Morte e o Renascimento. Sem verdades absolutas, pulso com o Universo, buscando construir pontes entre os Mundos. Inimitável e sem limites... quântica. Me reconstruo a cada dia, sou mudança, transformação, sincronia. Funciono como equalizador, restaurando o equilíbrio através da Luz, da qual sou canal. O meu grande "tesouro" é a sabedoria, a arte de enlaçar mundos, destruir ilusões e libertar do medo todo aquele que se dispõe a escutar o que eu revelo.Transmutar, transpor, renascer são os meus verbos. In Lak'esh