A palavra “páscoa” surgiu a partir da palavra hebraica "pessach" que quer dizer "passagem”. Para os cristãos, a Páscoa é a passagem de Mestre Jesus Cristo da morte para a vida: a Ressurreição; a passagem de Deus entre nós e a nossa passagem para Deus e por isso a Páscoa é considerada a festa das festas, a solenidade das solenidades, e não se celebra dignamente senão na alegria.
O ritual da Páscoa, antigamente, marcava o fim do inverno e o início da
primavera; era o tempo em que animais e plantas apareciam novamente e os
pastores e camponeses realizavam um ritual, presenteando-se uns aos outros com
ovos. Aqui no hemisfério sul, marca o início do tempo mais frio, do recolhimento, da conscientização do "eu interno" e da necessidade de se renascer para vida.
A palavra ritual vem do latim “ritualis” e significa cerimônias. O ritual é uma ação que realizamos com uma intenção e que nos possibilita ativar a nossa energia e a conexão com determinadas Forças (Deus, Amor, Natureza, Entidades,...) no sentido de elevar a nossa consciência e otimizar o “religare”. Todo e qualquer ritual possui começo, meio e fim; podem começar com visões ou sonhos e nos fornecem uma percepção maior de nós mesmos e a conscientização do Universo no qual estamos inseridos. Geralmente os rituais são dirigidos por espíritos mentores e proporcionam nossa cura e o descondicionamento em relação aos padrões negativos que adquirimos.
Nossa vida é um ritual de superação e
aperfeiçoamento. Nascemos, morremos e renascemos pelo tempo e no espaço, a cada
processo. Nossos problemas são apenas e tão somente, desacordos mentais que
podem ser resolvidos na medida em que controlemos o ego e modifiquemos as
nossas atitudes. A percepção de nossos condicionamentos e a aceitação do fluir
da vida faz com que renasçamos mais humanos, mais amorosos e mais
compreensivos. Precisamos aceitar que nossa vida é um processo contínuo de
morte e renascimento e remover os conceitos antigos, buscando a morte. Não a
morte como fim, mas como metamorfose da alma.
A Páscoa celebrada é um ritual de renascimento e nos traz a necessidade da morte, a necessidade de nos desligar da vida que, até então, vivemos; abdicar do ego, dos benefícios, das muletas morais nas quais vivemos nos apoiando. Tal como fizemos quando decidirmos nascer, a coragem e a força nos serão dadas para conseguirmos tirar todo o líquido amniótico daquela vida anterior. O morrer e renascer em nossas vidas presentes é constante; estamos sempre trocando energia com todas as coisas e mudando nossas condições de vida; somos afetados por emoções, palavras, e ações. “Vomitar” tudo que nos colocaram dentro por tanto tempo, mesmo que nos tenham sido úteis, abre caminho para que o ar invada nossos pulmões e abasteça nossa nova vida e traga uma nova esperança à nossa alma.
Reconhecer que estamos trocando energia com todas
as coisas, nos permite escolher nosso ciclo de renascimento; pois quando
aprendemos a controlar as energias que damos e recebemos, percebemos quais são
aquelas que nos influenciam e aprendemos a aceitar o que somos. É um processo,
muitas vezes, doloroso e quanto maior a resistência pelo novo, maior a dor. Mas
devemos entender que não pode haver nova vida sem um nascimento, não pode haver
nascimento sem uma morte e não poderá haver morte sem dor para aquele que
associa sofrimento a ela. Por isso o ritual da Páscoa nos traz a atitude de
buscar o aprendizado permanente, fruto de todas estas contínuas transformações.
Nesse tempo de Páscoa, o ritual nos permite assemelharmos ao bebê no ventre da
mãe. Devemos nos sentir preparados para deixar aquela vida condicionada,
confortável, dependente, para assumir os riscos de atravessar o canal do
futuro. Sairmos à força de um mundo ao outro, e, novamente, nascer para uma
nova vida; um processo que requer um grande respeito e compaixão para nós
mesmos. Temos que ter coragem para aceitar que somos capazes e merecedores de
controle da tomada de nossas próprias vidas.
Existem teorias de que o parto é um dos momentos mais traumáticos da vida porque nos traz a descoberta dos opostos sensoriais, dos "nãos" e nos força a adaptações para sermos amados.
Existem teorias de que o parto é um dos momentos mais traumáticos da vida porque nos traz a descoberta dos opostos sensoriais, dos "nãos" e nos força a adaptações para sermos amados.
Nascemos e crescemos nos adaptando diante de circunstâncias para não mais sofrer criando padrões defensivos (medos, inseguranças, rancores, reatividade, depressões, fixações, loucuras, sonhos, ilusões) e sempre conservamos a esperança porque temos a consciência de que nós sempre estamos mudando, sempre estamos renascendo porque renascer é preciso. Existe um dito popular que lembra: “não há ninguém sábio demais que não tenha algo a aprender, nem ignorante demais que não tenha nada a ensinar”; somos eternos buscadores, mestres e aprendizes da arte de viver.
Há muitos caminhos para buscarmos como trabalhar com as energias que influenciam nossas vidas e o ritual do Renascimento na Páscoa é um deles. Lembrar que a única marca dos nossos feitos é a nossa própria compreensão do amor, porque este estado faz nos abster de julgar as ações alheias; e isso só acontece quando existem compreensão e compaixão profundas e internas.
Sempre
temos nossas “feridas” e reclamamos cada vez que são tocadas; muitas vezes com
dor, pedimos para sermos aceitos, amados, resgatados e compreendidos... Assim,
a Páscoa nos oferece a oportunidade de renascer, abre portais de consciência e
nos traz o poder de auto cura; ensina-nos que precisamos morrer para nascer
novamente e melhores, que temos que fracassar para alcançar o sucesso, que
sempre mudamos e que o tempo é infinito.
FELIZ RENASCIMENTO!
BOA PÁSCOA!
NAMASTÊ!
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